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Como curar o relacionamento e mantê-lo saudável

Recentemente em um almoço entre amigos, um casal nos perguntou como fazíamos para manter um casamento por 21 anos. O marido, mais ansioso, afirmou que não queria errar e queria viver muito bem seu casamento. Casados há dois anos, com a esposa grávida de 8 meses, disse que só escutava coisas ruins sobre casamento e estranhou quando dissemos que casamento era uma delícia. 

Segundo ele, quando disse que iria casar-se as pessoas o desestimulavam e faziam piadas como algo do tipo: “-Ih! Acabou sexo, acabou diversão” “- Coitado!” “Se eu me separar, não caso nunca mais.”

Afoito quis saber nosso segredo. Meu marido respondeu que era preciso não deixar de namorar, que tinha que cultivar a relação e dar atenção para esposa (adorei essa parte).

Eu acrescentei sobre a importância da admiração mútua, cumplicidade, não dormirem brigados, confiança, segurança, saírem sozinhos, saírem com amigos, praticarem um hobby juntos, terem sua privacidade respeitada, amizade, prazer em estar na companhia um do outro e principalmente ficarem atentos aos sinais. E hoje vou escrever um pouco sobre esses sinais e como isso pode curar e manter um relacionamento saudável.


Cumplicidade, não dormirem brigados

É fundamental ao entrar em um relacionamento que você tenha responsabilidade emocional, primeiro com você mesmo e depois com o outro. Ter cuidado com o sentimento alheio, entender o que o outro está sentindo através de pequenos sinais.

Um casal deve buscar ter diálogos que evitem críticas, jamais gerar no outro uma desconexão emocional, porque isso só irá causar insegurança e falhas na comunicação.

Casais que não vivem bem, costumam ter comportamentos nocivos como: criticismo, rejeição, afastamento e defensiva.

Entender essas atitudes prejudiciais e aprender a evita-las pode ser extremamente favorável para quaisquer relacionamentos.

John Gottman, renomado pesquisador da área de relacionamentos, percebeu que dentre as interações negativas, existem 4 tipos que são os melhores “preditores” para um relacionamento falido. Ele as chama de “Os quatro cavaleiros do Apocalipse”:

1. Criticismo

As pessoas que muito criticam costumam ter uma “lente negativa”; só conseguem ver erros, não reconhecem os esforços e acertos dos parceiros. Tendem a descrever um problema como parte da personalidade do parceiro, por exemplo, diz: “Você é egoísta” ao invés de dizer que a pessoa agiu de forma egoísta. Na crítica fica sempre implícito que existe algo de errado com a pessoa.

Antídoto: Generosidade, capacidade de enxergar e valorizar o melhor do outro, demonstrar admiração.

2. Defensividade

Ter uma postura defensiva é a tendência a se proteger, onde a pessoa ataca para se defender e costuma culpabilizar o outro por todas as dificuldades da vida a dois.

Antídoto: Aceitar que tem responsabilidade por pelo menos uma pequena parte do problema, ter uma atitude amiga e justa, admitindo também as próprias dificuldades em vez de só acusar seu par.

Paulo Vieira, Coach e escritor tem um livro sobre autorresponsabilidade que super recomendo. Transferir a culpa para o outro não resolve nenhum problema e costuma nos deixar em zona de vitimização, o que não é produtivo e gera acomodação.

Quando você pratica a autorresponsabilidade, traz para si o controle sobre os eventos da sua vida. Afinal, se você é o responsável pelas situações, você pode mudar os resultados através das suas ações.

3. Desprezo

Uma atitute de desprezo é aquela que coloca o outro para baixo para se sentir superior em relação ao outro. O| desprezo é a forma mais cruel de manipular ou dominar alguém. As pessoas que tem o mal hábito de focar e julgar as pessoas pelos seus erros ao invés de qualidades tendem a ter mais atitudes de desprezo.

Segundo as pesquisas, este é um dos piores venenos para um relacionamento, e a principal causa dos divórcios, visto que com o desprezo é construído um abismo entre os envolvidos.

Antídoto: Criar uma cultura de apreciação, buscando focar no que o outro tem de positivo, suas forças e virtudes.

4. Indiferença/Obstrução

Se fechar para o diálogo, ignorar, não escutar o que o outro diz ou fingir que não escutou.

Antídoto: Buscar ter mais atenção e respeito à opinião e ao sentimento do cônjuge, buscando ficar conectado ao outro nas interações.

Fique atento se você ou seu parceiro pratica um desses 4 cavalheiros do apocalipse e caso tenham esse hábito, dialoguem sobre os antídotos, sobre o quanto isso pode ser nocico para a relação.

As pessoas que mantém um relacionamento saudável costumam ter generosidade, positivismo e benevolência presentes na relação.

Não existe relação perfeita, o que existe são pessoas que não desistem de serem felizes juntas mesmo diante de obstáculos.

E quais são esses obstáculos? Tem dias que não estamos bem, estamos mais irritados, cansados, com alguma frustração ou insatisfeito com algo. Em momentos assim pode ser gerados discussões, impaciência, tom de voz alterado.

Ter bom senso nas relações pode salvar casamentos. Respeite o momento de stress de cada um, ofereça algo que possa ajudar e se perceber que nem assim está adiantando o deixe um pouco só. Todo mundo precisa do que chamo de momento caixinha, momento de ficar com seus próprios pensamentos. Aguarde os sinais. Todo mundo sinaliza de uma forma ou de outra como está se sentindo. Casais com mais inteligência emocional e maior intimidade, dizem: “Não estou bem, tive um mal dia, depois conversamos”. Mas, se o diálogo não for claro, ainda assim, observe uma fala aletrada, um olhar distante, um comportamento atípico. E respeite o momento.

Tendemos a falar coisas sem pensar para quem amamos, justamente porque sabemos que “depois passa”.

Reconhecer erros, pedir desculpas, dialogar sobre os problemas são atitudes que podem curar uma relação e torná-la cada vez mais saudável.

Toda vez que estiverem em desconexão emocional, pare e reflita sobre quais são os motivos que o levaram a escolher aquela pessoa para estar com você.

Reforço, não existe perfeição, existe relações harmoniosas, equilibradas e é possível ser feliz no casamento e manter vida social, sexo e diversão. A vida não acaba quando casamos.

Fonte dos 4 cavalheiros do Apocalipse: GOTTMAN, John. Por que os casamentos fracassam ou dão certo. 1 ed.Ed. Scrita. 1995

Alessandra Assis
Psicóloga & Coach
CRP: 06/49814-6
Fones: 2977-6665    
   

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